terça-feira, 9 de agosto de 2011

Carta aberta

Reinaldo Cruz

“A educação é a única solução deste país”.
Desde que eu era menino ouço as pessoas dizerem isto. Entra Governo, sai Governo e a situação não muda, apesar das muitas promessas de que ao assumirem seus mandatos a realidade do ensino vai mudar.
O que sempre assistimos em todas as esferas do executivo e do legislativo brasileiro, são ações tímidas e isoladas incapazes de promover mudanças ou avanços significativos para a nação.
As disputas políticas e a vontade de manter o poder acabam atrapalhando o desenvolvimento das idéias, que algumas no papel são muito boas, mas ali permanecem dependendo de quem as teve e com isso deixam de ajudar a população.
A educação, a saúde e a segurança deveriam a priori, sempre estar em primeiro plano de qualquer governo, mas infelizmente não é o que assistimos nos noticiários e comprovamos na prática do dia a dia.
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um plano na teoria perfeito e que poderia ter se tornado referência para o Mundo.
Na teoria é perfeito mesmo, mas na prática o SUS brasileiro é ineficiente por que nossos governantes e legisladores procuram manter suas diretrizes e metas justamente assim. Inatingíveis.
Não atende a sociedade, não cumpre o seu dever constitucional e ao invés de auxiliar as pessoas, acaba contribuindo para aumentar o sofrimento de quem precisa utilizá-lo, muitas vezes pacientes são humilhados por falta de leitos e longas filas para conseguir benefícios simples.
No papel o SUS é perfeito, pode ser considerada uma idéia brilhante, mas que na prática não é bem assim. Talvez não seja eficaz por que aqueles que legislam ou executam as leis que deveriam em regra beneficiar o povo, são quase sempre donos de administradoras de planos de saúde ou detém cotas de renomados hospitais.
Secretários e até Ministros da Saúde, em regra, são médicos conceituados, profundos conhecedores do problema, mas que nunca são portadores de boas notícias para a pasta. Quando o são, as ações são muito tímidas e de nenhuma forma contribuem para mudar o quadro caótico que assistimos.
Um Deputado eleito pela população de determinada região, promete em campanha que vai atacar o problema. Assim que assume (ou reassume) o mandato, muitos destes políticos apenas se empenham em conseguir a doação de ambulâncias para transportar os doentes para a capital, aumentando assim o caos em hospitais públicos e postos de saúde da metrópole.
Deveria o legislador criar leis para que pelo menos os maiores municípios de determinadas regiões tivessem leitos e médicos suficientes para atender a população, rica ou pobre.
Ai sim este político estaria de fato fazendo alguma coisa para fazer valer o direito constitucional do cidadão.
O assunto relacionado à segurança publica no Brasil, são outro fator que tem assustado os brasileiros todos os dias. Seja pelo número crescente de homicídios, latrocínios ou consumo e tráfico de drogas.
Nossos nobres políticos prometem muito em época de campanha eleitoral, e poucos fazem quando estão no exercício do mandato. Com isso as paginas policiais dos principais jornais do país vão ficando cada dia mais recheadas de casos escabrosos que aterrorizam famílias inteiras de qualquer classe social.
O consumo de drogas tem crescido tanto no Brasil, que alguns até não se assustam mais com as notícias que são veiculadas sobre elas. Muitas famílias no Brasil estão ligadas a histórias tristes relacionadas às drogas e se sentem impotentes diante dos fatos que a cada dia tem se tornado mais corriqueiro.
Outras assistem a tudo e se não tem nenhum caso próximo, acreditam que os acontecimentos relacionados a entorpecentes nunca vão afetar o seu dia a dia. Um engano total.
Tratar dos dependentes pode ser uma saída, mas o que realmente resolveria o problema das drogas seria um rígido controle das fronteiras, políticas que controlem e previna o consumo de drogas lícitas, como o álcool e reprima com eficiência o uso das drogas ilícitas.
É ai que entra a educação como principal ingrediente para resolver diversos problemas deste país. Pessoas esclarecidas também entram em barcas furadas, mas em uma proporção muito menor do que aquelas que não têm instrução, pois as mesmas não sabem dos perigos e conseqüências de seus atos.
As políticas voltadas para a educação não são só aquelas que vão manter as crianças na escola ou dar oportunidades aos jovens de cursar uma faculdade, claro que isso é primordial e pode ser a chave de tudo, mas não é só isso que precisa ser feito.
A idéia inicial do Governo Marconi Perillo previa a construção de um hospital, nos moldes do CRER, para oferecer tratamento e recuperação a dependentes químicos, o que considero uma ótima e necessária iniciativa neste momento em que registramos números absurdos de consumo de drogas Brasil afora.
Mas tem idéias simples que não precisam esperar a construção do CREDEQ, não dependeriam de muito dinheiro e serviria para estimular os jovens.
Idéias estas que nos remete ao trabalho em conjunto dos poderes legislativo e executivo na criação de leis eficazes que mantenham os jovens ocupados em práticas salutares, com a constante conscientização de todos os perigos que rondam a sociedade e alguns casos pode vir a ser fatal.
A prevenção pode não ser a única, mas com certeza seria a mais eficaz das ações no controle da venda e consumo de entorpecentes. As fronteiras precisam de vigilância severa, as escolas precisam ter disciplinas específicas que esclareçam os malefícios das drogas e o poder publico tem que criar e colocar em prática leis que visem estimular a vida saudável, não só dos jovens, mas de toda a população.
O estado de Goiás tem programas que beneficiam atletas de auto-rendimento com ajuda financeira para estimular e contribuir na conquista de vitórias pelo mundo a fora.
E qual é o retorno prático desta ação governamental, alem de auxiliar e estimular o próprio atleta em suas conquistas?
É preciso exigir uma contrapartida dos atletas, dirigentes e federações, que em seus momentos livres ao longo do ano podem dar sua parcela de contribuição.
Estes atletas beneficiados com algum tipo de ajuda financeira do Governo deveriam ceder suas imagens e participar de campanhas preventivas.
Também deveriam ser recrutados para ministrar clinicas da sua modalidade e participar de ventos promocionais que aproxime e estimule os jovens a praticar esportes e a conhecer a trajetória vitoriosa dos seus ídolos.
Somos o País do futebol e isso é algo inegável da nossa cultura, hoje talvez seja menos do que fora outrora, mas ainda assim, o brasileiro adora mesmo correr atrás da bola e muitas crianças sonham um dia ser como Ronaldo, Neymar ou Marta. Por que não apresentar as nossas crianças outras modalidades esportivas, através de seus protagonistas.
Na ocasião do campeonato Goiano de futebol, o estado costuma promover junto com a FGF, a campanha da nota fiscal que beneficia clubes, torcedores e dá um retorno plausível ao Governo.
Mas poderíamos ter uma contra partida para a sociedade como um todo?
Essa iniciativa aprovada pela comunidade esportiva poderia ter sua eficácia e retorno para a população multiplicada e muito se os clubes profissionais se comprometessem a ceder suas estrelas para também ministrar clínicas em comunidades carentes ou promover jogos beneficentes em cidades do interior, onde ao longo do ano as pessoas só acompanham esporte pela televisão.
Lá em Pires do Rio ou em Goiatuba, existe estádio, mas o time das cidades há muito tempo não freqüenta a primeira divisão do nosso futebol, a conseqüência disso é que no interior de Goiás é muito mais fácil encontrarmos torcedores do Flamengo ou do São Paulo do que alguém que diga torcer pelo Goiás, Vila Nova ou Atlético.
Por que isso acontece?
Por que os jogos que as pessoas acompanham pela TV são destas equipes, então fica mais fácil saber quem é Paulo Henrique Ganso do que imaginar quem é Felipe Amorim.
Ganso e todo o time do Santos FC estão toda semana freqüentando o domicilio do povo de Goiás, enquanto que a proximidade com os nossos atletas é algo que beira o impossível.
Talvez tenhamos por ai algum jovem que tenha talento e até goste de ciclismo, mas não conhece e nunca viu as irmãs Fernandes nem pela TV, onde elas costumam aparecer muito pouco ou quase nunca.
 Uma vez por ano logradouros como a praça de esportes do setor Pedro Ludovico poderia ser utilizada para que os atletas de diversas modalidades pudessem ministrar aulas, dar palestras e divulgar a sua modalidade para as crianças e assim estar aproximando ídolo e fã, talvez conseguíssemos transmitir também uma mensagem positiva para a juventude, afastando os assim do mau caminho.
Estamos vivenciando o Rally dos Sertões e constatamos que o publico goiano adora, não só por que é um mega evento, mas por que somos desportistas por natureza.
Poucos, mas muito pouco mesmo tem conhecimento de quem são os renomados pilotos que vem aqui para participar desta competição.
É do conhecimento de todos que o estado de Goiás é um dos mais entusiasmado participante desta competição e fica aqui uma sugestão de marketing social por parte dos organizadores e competidores, por que não criar um evento paralelo, em que pilotos e equipes pudessem ser apresentados e admirados pelo publico goiano mais de perto.
A mensagem positiva que eles transmitiriam aliada a sua trajetória de conquistas serviria de estimulo para os goianos, mantendo os longe de condutas ilícitas e vícios perigosos.
Em meio à euforia de um evento como este, uma palestra de um André Azevedo, Ruben Fontes ou convidados que não necessariamente precisam estar ligados ao rally, ganha peso e dimensões fantásticas junto aos mais jovens.
Sem querer me alongar muito, por que são apenas idéias de alguém que imagina poder contribuir para a melhoria de vida das pessoas, e ajudar o governo a realizar ações voltadas para o povo.
Estas iniciativas poderiam ter como mola mestra, a parceria entre o Governo estadual, iniciativa privada e as prefeituras, no melhor estilo idéia municipalista, já que todos podem contribuir de alguma maneira para o sucesso desta idéia.
Durante a pré-temporada ou inter temporada que as equipes realizam no ano, as mesmas poderiam realizar jogos preparatórios em alguns municípios, aproximando clubes e atletas de seus fãs, assim seria preenchida lacuna que os desportistas de Goiás deixam para que outros ocupem.
Em se tratando de conscientização, orientação e exemplos positivos, foram usados os desportistas como elo com as pessoas, mas temos personalidades de destaque em diversas áreas que poderiam ser convidados a dividir suas experiências motivadoras com os cidadãos.
Siron Franco é uma das biografias mais ricas deste estado, é conhecido no Brasil e no exterior, se há aqueles que não se entusiasmam com a prática esportiva, vamos descobrir quem tem dom para outras práticas.
Políticos como Marconi Perillo, Nion Albernaz ou Iris Rezende poderiam enriquecer a cultura das pessoas com suas experiências e histórias que com certeza ajudariam para aparecessem novos líderes nas comunidades.
Artistas como Ivan Lima, Mauri de Castro, Maria Eugênia, Leonardo, Carolina Ferraz, Ingrid Guimarães, Zezé de Camargo, Bruno (da dupla com Marrone), Stepan Nercessian, que poderiam ministrar palestras ou desenvolver espetáculos nas escolas ou em um evento dedicado a cultura só para instruir as pessoas e levar as mesmas a buscar algo grandioso.
E o que dizer dos homens de negócios que contribuíram para o progresso de Goiás. Neste hall podemos citar: José Batista Júnior (Friboi), Jaime Câmara Júnior (OJC), Lourival Louza Júnior (Flamboyant) entre tantos nomes de sucesso, que dividiriam suas histórias como incentivo para aqueles que querem subir na vida e ter o reconhecimento que estas pessoas têm.
Ações governamentais poderiam criar um calendário permanente em cada seguimento e que movimentaria o estado o ano inteiro, contemplando regiões e cidades, oferecendo conteúdo rico e estimulante não só para os mais jovens, mas para a população de forma abrangente.
Um evento do tipo fórum empresarial que permitiria colocar diante do grande publico, homens bem sucedidos com trajetórias distintas e que são verdadeiras lições de vida.
Conhecendo a trajetória de quem fez história, as pessoas tendem a se sentir estimuladas a vencer seus próprios limites, encarando os desafios e não tendo tempo para se envolver com bobagens sem futuro.